Dilma defende política salarial
Porto Alegre - Na primeira viagem oficial ao Rio Grande do Sul, a presidente Dilma Rousseff quebrou o silêncio que mantinha em relação ao reajuste do salário mínimo e, de forma direta, deixou claro que as centrais sindicais devem pegar ou largar a metodologia de correção fixada no governo de Luiz Inácio Lula da Silva: ´No passado, não se dava sequer a inflação. Nosso governo fixou uma metodologia. Precisamos saber se as centrais querem ou não a manutenção do acordo. Se querem, o que propomos para este ano é R$ 545`, afirmou, rechaçando reajustes mais elevados ou mesmo a negociação de reajuste na tabela do Imposto de Renda. ´Não achamos correto a discussão simultânea da tabela do IR com o salário mínimo. Uma coisa não tem nada a ver com a outra`, disse Dilma, no Palácio Piratini, sede do governo gaúcho.
Ela se referia ao acordo fechado ainda no governo Lula, que prevê anualmente a concessão do reajuste de acordo com o Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes mais a inflação do ano corrente - política que não pretende mudar. O mesmo vale para a correção do IR. ´Jamais a gente discutiu, em oito anos, qualquer política de indexação. Não damos indexação inflacionária. Isso seria carregar a inércia inflacionária para dentro de uma questão essencial, que é o IR`.
A presidente afirmou ainda que as mudanças na tabela sempre foram ´baseadas na expectativa de inflação futura, que é o centro da meta, os 4,5% ao que o ministro Gilberto Carvalho se referiu`. Dilma negou divergências entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o secretário geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que negocia com as centrais. Os dois deram informações distintas sobre a tabela.
Dilma liberou R$ 20 milhões para auxiliar o governo gaúcho nas ações para reduzir os efeitos da estiagem. Participou, ainda, da assinatura da ordem de serviço para construção da Barragem da Arvorezinha, em Bagé, no valor de R$ 33 milhões, dos quais R$ 2,5 milhões foram depositados ontem na conta da prefeitura. Em seguida, falou com os jornalistas.
Milhares de egípcios vão às ruas do Egito, em desafio ao toque de recolher
Milhares de egípcios se dirigem em massa à praça central de Tahrir, no Cairo, epicentro dos protestos nos últimos dias, em um claro desafio ao toque de recolher imposto pelas autoridades, que começou às 16h local (meio-dia de Brasília). O centro da cidade, onde se concentram dezenas de milhares de manifestantes, está controlado exclusivamente pelas tropas do Exército, enquanto a Polícia vigia apenas alguns pontos determinados.Os manifestantes compareceram em massa à praça Tahrir (Libertação, em árabe), vindos de diferentes locais da cidade, com cartazes críticos ao regime político de Hosni Mubarak, que está no poder desde 1981.Muitos jovens gritavam palavras de ordem contra o Governo egípcio e contra Mubarak, a quem pediam que abandone o poder, enquanto cruzavam uma das pontes que ligam o centro da capital com os bairros da margem oposta do Nilo.O coração do Cairo, símbolo dos protestos políticos que começaram na terça-feira passada, vive um ambiente de eurofia perante a ausência policial.Os militares, ao contrário das forças policiais, são bem recebidos pelos manifestantes, que não hesitam em tirar fotos com eles e subir nos tanques.Tudo isso ocorre mesmo com a antecipação do horário do toque de recolher, vigente desde sexta-feira no Cairo.